12.8.06

Reorganização: Uma necessidade anarquista.

Já tem logo tempo que o movimento anarquista vem sofrendo uma profunda crise, tanto teórica, quanto prática e em meio a grandes mudanças no seio da sociedade capitalista, os seus militantes agem, não como no século XIX ou meados do XX, más como se estivessem com medo de se mostrarem diante da sociedade e quando, nas raras oportunidades em que, eles resolvem saírem de suas tocas, é para ou repetirem velhas formulas ou se somarem as massas (principalmente no meio estudantil) em momentos de manifestações e revoltas, e mesmo assim sem conseguirem manifestar uma voz atuante.
O erro do anarquismo0 já começa ao conceber a revolução como algo a ser conquistado pelo povo sem uma intermediação vanguardista. A chamada "espontaneidade revolucionária", tão cultuada pelos diversos círculos anarquistas, na verdade nunca passaram de falácias ingênuas. A própria guerra civil espanhola, principal momento do movimento anarquista, não foi pura e simplesmente uma luta que surgiu sem mais nem menos na Espanha apenas para impedir um golpe de Estado, e sem liderança vanguardista. Ao contrário, ela foi fruto de anos de conscientização da população e teve como organizações de vanguarda, principalmente, a CNT-FAI e a UGT (marxista).
Um outro grave erro do movimento anarquista (e que é bastante forte atualmente) é a enorme dispersão e falta de diálogo entre os diferentes grupos e militantes anarquistas, criando assim uma grande dificuldade em organizarem grandes atos. Sem falar que não existem, pelo menos grandes, movimentos sociais de orientação libertária. Todos os grandes movimentos sociais, a exemplo do MST e dos Sem-Tetos, são de cunho socialista.
Aliais, o socialismo como alternativa ao capitalismo, soube muito bem como se atualizar, organizar e ser mais influente.
É por tanto necessário que o anarquismo readquira seu espírito indomável de liberdade, aquela mesma forma que resistiu bravamente durante a guerra civil espanhola e que hoje se encontra esquecida pela falta de garra, valentia e principalmente de espírito insurrecto dos atuais anarquistas, que acham que o principal ambiente de combate seja o mundo virtual da internet. Esquecem eles que o nosso principal meio de atuação é a periferia, as favelas e zonas rurais, as casas de barro e de madeira e lona, locais em que a crueza satânica do capitalismo se manifesta em sua forma mais criminosa. É nesses locais onde devemos divulgar nossas idéias, nos aglomerar em movimentos comunitários, sociais ou camponeses, luta realmente por uma transformação.
O neoanarquismo não é uma opção, é uma necessidade do anarquismo frente as mudanças em todas as instâncias do capitalismo.
Muitos anarquistas criticam os socialistas sem no entanto olharem para eles mesmos. Apesar do caráter autoritário de certos setores socialistas, o socialismo conseguiu realmente ser uma opção concreta diante do capitalismo. Nesse começo de século e milênio, por exemplo, estamos vivenciando o que muitos dizem ser "um novo perigo vermelho", isso vem comprovar que o socialismo soube se atualizar, ao contrario do anarquismo que apenas ensaiou o seu "perigo" negro.
Como podemos constatar a estagnação anarquista não é apenas ideológica, mais também prática. O medo de seus militantes em se mostrarem, sem que seja necessária a mobilização de outros setores da sociedade, é um caso a ser refletido, sem dogmatismo, pelos anarquistas.
O movimento anarquista contemporâneo, com as devidas exceções, antes de tudo, se tornou um movimento oportunista, uma espécie de maria-vai-com-as-outras. Alem disso, ele também se tornou em uma espécie de movimento humanitário, não é difícil entrarmos em sites, grupos de discussões, comunidades e demais meios de informações e interações anarquistas que não prestem solidariedade ao povo tal, trabalhadores Sicranos, organizações Fulanas, movimentos beltranos e etc. Não que prestar solidariedade seja desnecessário, mais não pode ser substituída pela tão cultuada "ação direta".
É por tudo isso, e outras mais que não foram citadas, que o movimento anarquista deve ser repensada com o cérebro contemporâneo, com as reais necessidades libertárias para enfrentar a sociedade burguesa. Não apenas pelo voto nulo, que em nada ajuda para o desmantelamento do modo de produção capitalista, más através de uma luta mais frontal, imediata e revolucionaria que ao menos retorne a ameaçar o sistema vigente. Nós anarquistas devemos se juntar e criarmos nossos próprios movimentos, associações, grupos e todos os meios de aglomeração necessários para agimos conjuntamente contra, em primeira instancia, a sociedade burguesa rural e urbana.
Rumo ao neoanarquismo, já!

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