4.8.06

Liberalismo: o anarquismo burguês.

Como muitos sabem o liberalismo busca á não intervenção do Estado na economia, porem o que poucos sabem é seu lado "anárquico". O liberalismo, assim como o anarquismo, busca a eliminação do Estado, sendo assim não fica difícil de compreender quando teóricos liberais pregam o fim do Estado.
Segundo Noberto Bobbio "há uma acepção prevalecente na tradição liberal - segundo a qual "liberdade" e "poder" são dois termos antitéticos, que denotam duas realidades em constaste entre si e são, por tento, incompatíveis: nas ralações entre duas pessoas, à medida que se estende o poder (poder de comandar ou de impedir) de uma diminui a liberdade em sentido negativo da outra e, vice-versa, à medida que a segunda amplia a sua esfera de liberdade diminui o poder da primeira". Essa acepção de liberdade pelo liberalismo não é distante daquela dos movimentos libertários, o anarquismo prega o fim do Estado e de toda forma de opressão e nesse sentido Noberto Bobbio diz que "no pensamento liberal, teoria do controle do poder e teoria de limitação das tarefas do Estado procedem no mesmo passo: pode-se até mesmo dizer que a segunda é a conditio sine qua non da primeira, no sentido de que o controle dos abusos do poder é tanto mais fácil quanto mais restrito é o âmbito em que o Estado pode estender a própria intervenção, ou mais breve e simplesmente no sentido de que o Estado mínimo é mais controlável do que o Estado maximo".
Sendo assim, não fica difícil de entender quando Wilhelm Von Humboldt, um dos teóricos do liberalismo, diz que "o Homem verdadeiramente razoável não pode desejar outro Estado que não aquele no qual cada indivíduo possa gozar da mais ilimitada liberdade de desenvolver a si mesmo, em sua singularidade inconfundível, e a natureza física não receba das mãos do Homem outra forma que não a que cada indivíduo, na medida de suas carências e inclinações, a ela pode dar por seu livre-arbítrio, com as únicas restrições que derivam dos limites de suas forças e de seus direitos".
Porem é aí que param as comparações entre liberalismo e anarquismo. O liberalismo não quer o desmoronamento total do Estado e sim a diminuição de suas funções, ela não luta por uma sociedade sem classes e sim que continuem existindo as diferenças sociais, a liberdade liberal se refere apenas a liberdade individuo-Estado, ao contrario do anarquismo que busca uma liberdade totalizante. Para os liberais o governo é um mal necessário, que como dize Adam Smith, tem apenas três deveres: a defesa da sociedade contra os inimigos externos, a proteção de todo indivíduo das ofensas que a ele possam dirigir os outros indivíduos e o provimento das obras publica. Já para o anarquismo o governo é uma usurpação das liberdades do individuo, uma ferramenta da divisão social e um ser opressor que precisa ser combatido.
REFERÊNCIA:
Bobbio, Noberto, Liberdade contra poder, in Liberalismo e Democracia; tradução Marcos Aurelio Nogueira, São Paulo, Ed. Brasiliense, 2000 6 ed. pags. 20-25.